Competição de absorção entre magnésio e potássio
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15 abril, 2025

Competição de absorção entre magnésio e potássio

Potássio e magnésio em desequilíbrio podem interferir na absorção de ambos os nutrientes. Aliado ao consumo de luxo, produtividades podem ser baixadas.

Lavouras produtivas demandam tempo e dependem de inúmeros fatores para serem estabelecidas. Com o avanço da tecnologia no setor do agronegócio, tornou-se mais acessível compreender o funcionamento do vasto universo das plantas. Diversas práticas são indispensáveis para o alcance de altas produtividades, como a ferticorreção, a nutrição eficiente, o controle de pragas e doenças, entre outros manejos agronômicos que estão à disposição do agricultor.

Assim como os seres humanos, as plantas também necessitam de uma nutrição equilibrada. O desequilíbrio na disponibilidade de nutrientes pode ocasionar prejuízos significativos, como é o caso da interação entre potássio (K⁺) e magnésio (Mg²⁺). O potássio desempenha funções vitais no metabolismo vegetal. Atua na regulação osmótica dos estômatos — estruturas responsáveis pelas trocas gasosas —, na translocação de fotoassimilados, no controle do pH citosólico e na melhoria da tolerância das plantas a estresses bióticos e abióticos.

O magnésio, por sua vez, é igualmente essencial para a nutrição e sobrevivência das plantas. Constitui o átomo central da molécula de clorofila, sendo indispensável para o processo de fotossíntese. Além disso, é o principal ativador enzimático do metabolismo vegetal e participa do transporte de fósforo para o interior das células, estando diretamente relacionado à síntese de carboidratos e ácidos nucleicos.

Apesar da importância de ambos os nutrientes, o excesso de potássio pode interferir negativamente na absorção de magnésio. Isso ocorre porque o potássio é um cátion monovalente, enquanto o magnésio é divalente. As plantas tendem a absorver preferencialmente íons de menor carga e diâmetro, favorecendo a assimilação de potássio em detrimento do magnésio.

Além disso, as raízes apresentam mecanismos altamente seletivos para a absorção de potássio, enquanto o mesmo não acontece para o magnésio, o que dificulta sua absorção em ambientes com elevada concentração de potássio. A diferença entre os raios iônicos desses elementos também influencia esse processo competitivo.

Por esse motivo, a relação entre potássio e magnésio (K/Mg) deve ser cuidadosamente ajustada conforme a exigência nutricional de cada cultura. É fundamental compreender os aspectos químicos e físicos do solo em questão, pois fatores como teor de argila, matéria orgânica e acidez influenciam diretamente na disponibilidade e absorção de nutrientes.

Em um solo onde o potássio está em teores muito elevados, pode acontecer o “consumo de luxo”. O consumo de luxo refere-se à absorção de nutrientes pelas plantas em quantidades superiores às suas necessidades fisiológicas para o crescimento e desenvolvimento. Embora esse excedente não proporcione ganhos adicionais em produtividade ou qualidade, ele pode ocorrer quando a oferta de determinado nutriente no solo é elevada e sua absorção não é limitada por mecanismos regulatórios eficientes.

Apesar do nutriente em questão ser absorvido em demasia, não significa que sua absorção irá gerar toxidez a planta. Porém, em alguns casos, se o consumo de luxo for exagerado, irá ocorrer toxidez e a produtividade passa a ser prejudicada. 

Esse fenômeno é mais comum com nutrientes móveis, como o potássio, e pode resultar em desequilíbrios nutricionais, especialmente quando interfere na assimilação de outros elementos essenciais, como o magnésio ou o cálcio. Portanto, o manejo racional da adubação é imprescindível para evitar o desperdício de insumos e os efeitos adversos provocados pelo consumo de luxo, promovendo uma nutrição mais sustentável e eficiente.

Conclusão 

Para alcançar altos patamares de produtividade, é essencial conhecer os nutrientes fornecidos às plantas, bem como as interações entre eles. A química do solo é complexa, mas desempenha um papel central na eficiência da nutrição vegetal. Plantas bem nutridas resultam em lavouras mais produtivas, e lavouras produtivas contribuem para uma agricultura mais eficaz e economicamente viável.

 

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