
1 abril, 2025
Compactação de solo e seus impactos negativos
A compactação é um problema grave que pode comprometer a produtividade agrícola. Se não manejada de forma correta os custos de produção aumentam.
A mecanização ajudou, e muito, o aumento da produtividade agrícola. Deixou os trabalhos mais leves, fáceis e rápidos. Saímos da tração animal, deixamos a enxada de lado e subimos em tratores e colheitadeiras que realizam o serviço onde antes precisávamos de muitas mãos.
O calor do sol embaixo do chapéu deixou de ser um problema quando embarcamos em máquinas com ar condicionado. Apesar de todo esse conforto e eficiência proporcionados, criou-se um problema com o excesso de tráfego de máquinas agrícolas em uma área cultivada, a compactação de solo.
A compactação de solo também pode acontecer devido ao excesso de animais pisoteando uma mesma área. Mas, independente da origem, causa problemas nas lavouras e acaba diminuindo a produtividade agrícola.
Como ocorre a compactação de solo?
Quando o solo sofre uma compressão que resulta na diminuição do seu volume não saturado, com a expulsão do ar e um rearranjo das partículas de silte, argila e areia, consequentemente seu adensamento, temos a compactação. Com isso o solo se torna mais “duro”, mais resistente a penetração das raízes.
Quando o solo está compactado as raízes não conseguem penetrar e se desenvolver de maneira satisfatória em camadas mais profundas. Portanto ficam mais curtas e ineficientes na absorção de água e nutrientes.
Concomitante a má formação radicular, um solo compactado tem uma maior resistência a infiltração e armazenamento de água, podendo causar um déficit hídrico na cultura ali estabelecida. E os problemas não param por aí. Com poucas raízes e deficiência hídrica, o solo fica mais propenso a erosão.
Além disso, quando o ar é “expulsado” no processo de compactação, o ambiente se torna anaeróbio e pode causar a morte de plantas e microrganismos por asfixia. Alguns efeitos, como o crescimento irregular das raízes, podem ser observados a olho nu, como mostra a figura 1. É possível observar que as raízes acabam crescendo para o lado, já que o solo abaixo está compactado e impede o crescimento vertical. Isto pode aumentar o risco de tombamento em áreas com vento.

A resistência do solo a penetração também pode ser medida através do penetrômetro. Hoje a tecnologia embarcada em equipamentos como este possibilita dados precisos e em tempo real, para melhor identificação das áreas compactadas e tomadas de decisões assertivas.
Ciclo da compactação
Quanto mais compactado o solo fica, mais difícil se torna o rompimento dele para descompactação, tornando a dificuldade do processo acumulativa
- mais compactação, maior demanda por maquinário pesado
- maquinário mais pesado, maior valor investimento para aquisição ou aluguel
- maquinário mais pesado, maior consumo de combustível e maior custo de manutenção
- maquinário mais pesado, maior risco de compactação
Portanto, além de uma queda na produtividade, o custo de produção é maior, trazendo menos lucratividade para a atividade agrícola. Porém, é possível elencarmos práticas e manejos que evitem a compactação ou que minimizem seus efeitos:
- Evitar o tráfego intenso de máquinas pesadas, principalmente se o solo estiver molhado
- Determinar locais específicos para manobras
- Usar pneus mais largos e de rodado duplo para dissipar o peso ou equipamentos com esteiras
- Utilizar plantas de cobertura com sistema radicular agressivo como o nabo forrageiro
- Não superlotar o pasto em áreas de pecuária
- Uso de produtos que estimulem o crescimento radicular
Vale considerar que as perdas por termos solos compactados não se restringe apenas a parte física, mas a química e a biológica também são prejudicadas.
Química do solo: O fato de termos raízes mal desenvolvidas pode acarretar na lixiviação de nutrientes, pois não haverá raízes suficientes para a absorção de nutrientes. Ocasionando a diminuição da CTC do solo e favorecer a acidificação. Aliada ao fato de que raízes curtas não irão atingir as camadas mais profundas, onde possa haver nutrientes.
Biologia do solo: sistemas radiculares pobres resultam em pouco material para degradar e virar matéria orgânica, Além de que pode ocorrer a diminuição da população de microrganismos importantes como as bactérias fixadoras de nitrogênio e as micorrizas.
Por isso a Ferticorreção diz que: tudo tem interferência em tudo. Devemos manejar e cuidar do nosso solo pensando em gerar benefício para o maior numero de processos possíveis.
Cálcio e magnésio na formação radicular
O cálcio e o magnésio estão diretamente ligados a formação do sistema radicular. O cálcio influencia a densidade e o comprimento dos pelos radiculares, além de atuar no divisão e elongação celular, permitindo o crescimento de um sistema radicular robusto e eficiente. Enquanto o magnésio, por ser a molécula central da fotossíntese, atua na formação de energia para o crescimento radicular e auxilia no transporte de metabolitos da parte aérea para as raízes.
É essencial que esses nutrientes, principalmente o cálcio (um elemento pouco móvel no solo e na planta), estejam distribuídos de forma homogênea no perfil de solo. Estando disponíveis em camadas mais profundas para que as raízes consigam se desenvolver na subsuperfície. Em áreas de abertura, que possibilitam o revolvimento do solo, é possível realizar o fornecimento de cálcio e magnésio através da utilização de calcário dolomítico. Após o estabelecimento da área, onde revolver o solo já não é mais uma possibilidade, a utilização dos óxidos de cálcio e magnésio é uma opção viável para fornecimento e reposição desses nutrientes.
Os óxidos, no plantio das plantas de cobertura, se torna uma opção interessante ao produtor, pois irá impulsionar o crescimento radicular, principalmente em culturas com raízes agressivas - como o nabo forrageiro - melhorando os índices de descompactação do solo, auxiliando na melhora física do solo. Além dos benefícios envolvidos no processo de ciclagem de nutrientes, aportando uma nutrição essencial para a cultura subsequente
CONCLUSÃO
Para mitigar os impactos da compactação do solo e garantir a sustentabilidade da produção agrícola, é fundamental adotar práticas de manejo que preservem sua estrutura e favoreçam o crescimento radicular. A redução do tráfego de máquinas pesadas, o uso de pneus mais largos ou esteiras, a adoção de plantas de cobertura com sistemas radiculares agressivos, são algumas das estratégias eficazes. Além disso, a correta nutrição do solo, com a adequada disponibilidade e fornecimento de cálcio e magnésio, favorece a formação de um sistema radicular profundo e eficiente, capaz de explorar melhor os recursos hídricos e nutricionais.
A importância das raízes vai além da absorção de água e nutrientes; elas influenciam diretamente na estabilidade da planta, na resistência do solo à erosão e na manutenção da microbiota . Solos bem estruturados e ricos em matéria orgânica proporcionam um ambiente adequado para o crescimento radicular, reduzindo os riscos de lixiviação de nutrientes. Dessa forma, investir no manejo adequado do solo e no fortalecimento do sistema radicular é essencial para manter a produtividade agrícola e promover a conservação dos recursos naturais a longo prazo.
REFERÊNCIAS
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GOEDERT, W. J.; SCHERMACK, M. J.; FREITAS, F. C. Estado da compactação do solo em áreas cultivadas no sistema de plantio direto. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, DF, v. 37, p. 223-227. 2002.
MACHADO, P. L. O. A. Compactação do solo e crescimento de plantas: como identificar, evitar e remediar. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2003. 18p. - (Embrapa Solos. Documentos; nº 56) ISSN 1517-2627
SILVA, M. L .N.; CURI, N.; BLANCANEAUX, P. Sistemas de manejo e qualidade estrutural de Latossolo Roxo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, p.2485-2492, 2000.
RICHART, Alfredo; TAVARES FILHO, João; BRITO, Osmar Rodrigues; LLANILLO, Rafael Fuentes; FERREIRA, Rogério. Compactação do solo: causas e efeitos. Semina: Ciências Agrárias, [S. l.], v. 26, n. 3, p. 321–344, 2005. DOI: 10.5433/1679-
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